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Lia no outro dia uma crónica de
Pedro Mexia - não preciso de elogiar o livro onde a li, "Primeira Pessoa" - onde ele falava da descoberta de Bob Dylan, e da vontade que sentiu de comprar uma guitarra e tornar-se
singer-songwriter, inspirado pela figura de voz roufenha que o iludira. Iludira, porque o convencera de que, para se ser músico, o esforço é mínimo, e, para se ser génio, basta um pouco de sorte e o
timing certo. Não sei se Mexia começou a gostar de Dylan antes ou depois de Kurt Cobain, um ídolo para outros tempos, condenado a deixar de o ser com a chegada da idade adulta. Falo por mim, de resto. Também julguei, a determinada altura, que bastava saber tocar três ou quatro acordes para se fazer música, e tinha os Ramones ou os Sex Pistols para o provar. Não será caso para lamentar o engano. E, de qualquer modo, continuo a achar que a simplicidade pode ser o melhor caminho para a genialidade pop. Ou a aparência de simplicidade. Tudo isto para falar dos Kings of Convenience, que vão à Aula Magna no próximo sábado. Duas guitarras, letras de um lirismo ingénuo, duas vozes dissonantes, perfeição para dias de sol numa sala escura. (Também) com Dylan presente. E muito mais interessantes que um Devendra Banhart, por exemplo. Lá estarei.
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