18/04/06

Enrique Vila-Matas

Confirmo a ideia que tinha desde a longínqua leitura de "Suicídios Exemplares": o melhor de Enrique Vila-Matas está na ficção pura. Os exercícios de estilo que ele experimentou em "Paris Nunca se Acaba" e "O Mal de Montano" não deixam de ter algum encanto, mas ambos acabam por correr o risco de ser lidos correctamente apenas por críticos e aspirantes a escritores. Livros que falam para o meio, para dentro do círculo. Em "Filhos Sem Filhos", que acabei hoje, respira outro escritor; livre e dominando em pleno o exercício narrativo, apelando à razão do crítico e à emoção do leitor que procura apenas um divertimento mais consequente e hábil. E a sombra de Kafka, convocada na contracapa do livro (edição Assírio e Alvim) quase passa despercebida. Quem precisa de entender, consegue, quem não percebe as ligações ínfimas não precisa de as entender. Prazeres democráticos.

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