22/04/11

O mês

Em Abril, a maior crueldade é o verso de Eliot parecer tão verdadeiro. E chove, ainda.

09/04/11

Sidney Lumet (1924-2011)

Mais um grande americano desaparece. Redescobri-o há uns anos, com o fabuloso Antes que o Diabo Saiba que Morreste, mas Serpico, Um Dia de Cão e Doze Homens em Fúria são também excelentes, memórias de um tempo em que a indústria cinematográfica americana ainda se interessava por produzir filmes relevantes, política e socialmente. Uma pena que não nos possa voltar a surpreender.

05/04/11

The Draughtsman's Contract

Já não me lembrava de que gostava de Peter Greenaway. Há anos que os filmes dele não estreiam nos cinemas, e o último que eu vi em sala terá sido o Livro de Cabeceira. Tudo o que interessa numa arte puramente visual está na obra dele. Nunca terá tido muito interesse em contar uma história, mas a verdade é que os diálogos tem uma elegância, uma wit rara no cinema contemporâneo. E o cuidado na composição, nos enquadramentos, o rigor do plano fixo, a imaginação da montagem, as alusões mais ou menos evidentes aos mestres da pintura ocidental e a reflexividade metaficcional, fazem dele um cineasta que acaba por ser bastante menosprezado. Uma injustiça.

02/04/11

É assim

Cada passagem por onde andei, agora nada guarda de mim. Nem o que eu escrevi me reconhece, caminhamos sem saber se os pés irão chegar ao fim incólumes. A alma não. Pormenores que nos tornam piores,  a canga às costas de quem nos ama. Não somos melhores porque continuamos a lembrar tudo o que se perdeu. Somos inúteis na funcionalidade do mundo. É assim.