A impressão deixada pelo último filme de Woody Allen, "Match Point", pode-se resumir à chegada de Scarlett Johansson ao panteão das starlettes do cinema, à definitiva prova das suas qualidades como actriz; os outros atributos já eram sobejamente conhecidos. Uma das razões para a menoridade desta obra será, sem dúvida, a ausência de marcas de autor, do inimitável tom woddyallenesco. Habituámo-nos a reconhecer arquétipos, ou personagens-tipo, se quisermos, nos filmes de Woody. A intelectual desesperada, o criador neurótico, o mulherengo materialista. Por exemplo, "Manhattan", o mais belo - não o melhor - do realizador nova-iorquino; Diane Keaton perfeita no primeiro papel, Woody tocante no segundo, Michael Murphy encaixando no terceiro. E o bónus de Mariel Hemingway, ninfeta inacessível, último refúgio de uma pureza e ingenuidade perdida nos meandros da passagem do tempo. Ver um filme de Woody é como regressar a uma casa que já conhecemos, retomar o contacto com amigos que apenas vemos de tempos a tempos. Os actores que passam pelas mãos de Woody adaptam-se facilmente ao ritmo jazzístico a que ele os submete. É por isso que vemos os tiques de Woody em actores que representam os arquétipos a que me refiro; por exemplo, John Cusack em "Balas sobre a Broadway", Richard Benjamin em "As Faces de Harry", Kenneth Branagh em "Celebridades". Este último exemplo é marcante. O shakespeareano e quase sempre pretensiosamente desinteressante Branagh mimetizando no mínimo gesto, gaguejar, tom e timbre de voz Woody Allen, é de antologia.
As mulheres também não escapam ao método Woody Allen. Basta ver por exemplo "Alice", onde o arquétipo do criador neurótico é interpretado por Mia Farrow; os mesmos tiques, a mesma insegurança, a mesma hesitação de Woody Allen actor. O que me leva à dúvida: será a sua direcção de actores, ou apenas um reconhecimento pelos pares do seu génio? "Match Point" pode fornecer uma pista para a resposta de que precisamos. A mudança terá sido forçada, ninguém poderia censurar Woody Allen se continuasse a fazer filmes como Manhattan até morrer. Caso para resolver nos próximos capítulos da história.
As mulheres também não escapam ao método Woody Allen. Basta ver por exemplo "Alice", onde o arquétipo do criador neurótico é interpretado por Mia Farrow; os mesmos tiques, a mesma insegurança, a mesma hesitação de Woody Allen actor. O que me leva à dúvida: será a sua direcção de actores, ou apenas um reconhecimento pelos pares do seu génio? "Match Point" pode fornecer uma pista para a resposta de que precisamos. A mudança terá sido forçada, ninguém poderia censurar Woody Allen se continuasse a fazer filmes como Manhattan até morrer. Caso para resolver nos próximos capítulos da história.
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