O professor doutor Diogo Freitas do Amaral é um daqueles homens raros, capaz de gerar consensos da esquerda à direita. Viu-se agora, no caso dos cartoons. O fartote que foi ter sido apanhado em falso, de calças na mão, congenialmente veniando os terríveis terroristas islâmicos. Os que esperavam por uma escorregadela do homem têm feito a festa. A direita, neste aspecto, depois de tanto tempo aguçando as facas, tem-se prestado ao serviço de modo conveniente e vivaço. É normal, ninguém nesse campo político lhe perdoou a traição. Começou no retrato excomungado da sede do CDS e culmina nas sugestões de demissão sopradas por gente tão diversa como o director do Público, Pacheco Pereira ou Vasco Pulido Valente. No outro campo, a esquerda socialista, que nunca viu com bons olhos a nomeação de Freitas por Sócrates, sorri para dentro. Será uma questão de tempo até à queda. Sem surpresa, apenas a extrema-esquerda (facção BE) ainda defende o ministro dos Negócios Estrangeiros, consequência evidente do convívio próximo em manifestações com o político católico. Mas que fez Freitas para provocar tanta indignação, chiste e rilhar de dentes? O dislate inicial é imperdoável, mas compreensível; não surpreendeu ninguém a atitude beata de subserviência ao um deus que já nada diz aos ateus que opinam nos jornais. O que já não se entende é o ataque que se seguiu à primeira correcção do rumo inicial: quando Freitas sugeriu que o Ocidente seria, actualmente, o primeiro agressor do mundo árabe, onde estava o erro ou a mentira? Alguém poderá provar o contrário? O burburinho que animou os detractores do ministro foi, no mínimo, suspeito. Quem grita é guerra! é guerra! não se comove com estas minudências, a melhor das intenções esbarra no choque de civilizações propagandeado por uma certa direita saudosista da Guerra Fria. Os ideólogos que temos alegram-se com pouco. Meus amigos, avancem lá, que eu morro de curiosidade, o que têm a dizer sobre o último livro de Francis Fukuyama?
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