Um dos divertimentos mais comuns na blogosfera é desancar em Eduardo Prado Coelho (EPC, para os amigos). Sem mérito de quem o faz, de resto. Gozar com EPC é como tirar doces a uma criança. O professor universitário oferece ambos os flancos, consegue caminhar sobre a fina linha que separa a mediocridade do ridículo. O engraçado é que nem sempre foi assim; há obras que comprovam que a opinião do crítico já foi respeitada, resquício de um tempo em que a importância do professor era efectiva, não poderia ser beliscada por qualquer engraçadinho sem ideias que se divertisse a escrever num espaço virtual de onde o intelectual clássico está, à partida, arredado. Curiosamente, a crónica de Vasco Pulido Valente, hoje no Público fala, de certo modo, precisamente desse tempo. Parece-me que o cronista tem perdido qualidades desde que se tornou blogger. O lamento de hoje (Sábado) cheira a desnecessária fraqueza. Terá sentido Vasco Pulido Valente na pele as dezenas de comentadores medíocres que passam os dias a exercitar o rancor acumulado e a descarregar as suas frustrações no blogue a que pertence? Como EPC não se expôs ainda à democracia totalitária que impera na blogosfera, continua a pairar acima da maior parte das críticas que lehe são dirigidas. Porque não lê, simplesmente, ou porque não quer falar disso. A verdade é que são poucos os que se atrevem a assediar EPC na imprensa escrita. O homem, não há dúvidas, ainda consegue ser influente. Nem que seja porque quem o pode criticar vive na esperança de algum dia ele poder falar da obra produzida, e EPC, se alguma qualidade possui, é a de saber gerir bem as expectativas de qualquer aspirante a escritor ou artista com obra ainda por divulgar. O anonimato da blogosfera permite que se continue a dizer mal do acossado ensaísta, e aqui reside a diferença entre este meio e os outros espaços públicos de opinião. Enquanto a blogosfera não se tornar um circo de animais amestrados, como parece que começa a suceder. Será disso que Vasco Pulido Valente fala?
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