Os altos e os baixos dos dias - deixam-me numa confusão louca. É manhã e acordo de espírito limpo. Sem dores, achando que o calor largado pelo corpo que já se levantou é uma emanação mais clara do que senti ontem. Descubro muito tarde que nem sempre assim é. De volta à carruagem repetitiva dos dias, canso os dias que ainda tenho para gastar, uso-os até não serem mais que ganga branca. O que leio, deus, o que eu leio, é preciso inventar qualquer coisa para dizer. Os comentários crescem e multiplicam-se à velocidade correcta: ao contrário da vida, que alastra lenta. Na língua silenciosa da nossa casa apagada irrompe um desconforto que já conheço de outras danças. Acordo hoje quase derrotado, saio para a rua, em direcção aos bairros que conheço. Em território estranho, com um esforço poderia respirar, conhecer de cor o que dirás de seguida: conhecer-te. Mas saio em direcção aos bairros que conheço. Julgo não surpreender ninguém se disser que me preferia perdido.
[SL]
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