Em "O Tempo que Resta" (François Ozon), a determinada altura a personagem que vai morrer coloca a mão do amante sobre o coração e pergunta-lhe se ele o sente. Enquanto ainda bate. Olho a imagem criada e penso no meu filho curioso sobre o órgão por onde o sangue circula, descoberta recentíssima, perguntando o que é aquela coisa que tão depressa pulsa ao ritmo dos segundos como a seguir dispara sem rede de segurança. Incontrolável, sem princípio memorável nem fim que se consiga adivinhar. A prova de que a consciência é uma extensão do corpo reside neste motor imprevisível que dita a duração da vida. Ainda bate.
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