08/07/06

Flaubertiana

Não é uma distância, há muito perdemos a ilusão de podermos transpô-la. Não é um lugar, assim que tentamos fixar a sua extensão espacial, foge-nos, dilui-se. Não é um sentimento, não existe suficiente comoção na sua passagem pela consciência. Nem sequer é uma consciência de algo, talvez uma percepção breve de um objecto de passagem, estático e dinâmico, impossível de fixar na matéria em que julgamos acreditar. Recuso a definição em consequência de um puro defeito no entendimento do fenómeno. Mas desconfio da sua importância definidora. Vergo-me ao seu poder vital, intenso. A memória, essa puta que tantas vezes me trai.

[SL]

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