Terá sido em 1992 que ouvi pela primeira vez os Radiohead. E claro que foi "Creep". O miserabilismo adolescente que transparecia daquela música apenas podia fazer sentido como continuação do fenómeno Nirvana e do hedonismo cultivado com prazer que estes transmitiam. No fundo, ouvia-se, no início da década passada, música para putos mimados e habituados ao bem-estar material que as gerações anteriores tão arduamente tinham produzido. A minha geração, como cantavam os outros. Desiludidos com um mundo que lhes ofereceu demais e agora se prepara para fechar a torneira. Os Radiohead, com as suas canções tristes e neuróticas, escritas por uma estrela de rock que nunca o quis ser, acabaram por se tornar, a partir do perfeito "O.K. Computer" - que se seguiu à obra-prima imperfeita que é "The Bends" - um cadinho onde se produziram sons inovadores e irrepetíveis, oscilando entre o rock com raiva e a electrónica minimal, sempre com o ostensivo cuidado de que o modelo não se afastasse muito do berço pop onde nasceu. Quinze anos depois, afastamo-nos dessa época a uma velocidade cada vez mais estonteante; os Radiohead arriscam-se a cumprir o destino nunca contrariado da música pop: a efemeridade. Nada dura mais que dez ou quinze anos, criativamente falando. Depois do auge, apenas sangue novo pode voltar a mudar o paradigma. Tentando contrariar esta ideia, a nova música dos Radiohead e as respectivas imagens de uma recente actuação ao vivo, no post em baixo. Chama-se "Arpeggi". O álbum, só lá para o final do ano.
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