Foi uma pequena desilusão a minha visita à exposição Rau no Museu Nacional de Arte Antiga. Muito se escreveu sobre esta exposição, pela sua qualidade inquestionável, mas, ao trazê-la a Lisboa, deveria ter havido mais sensibilidade para o público que gosta de visitar museus e que o faz com intuitos de fruição e de aprendizagem dos quadros expostos. Em primeiro lugar, é criticável o conceito de exposição em causa e que se resume a uma exposição literal das obras numa sequência cronológica. A ordem cronológica foi, de resto, o único método presente, uma vez que tudo o mais que se exige a uma exposição de circuito internacional faltou, nomeadamente, qualquer intuito informativo ou pedagógico. As únicas coordenadas presentes no espaço da exposição da visita eram a ordem cronológica e o agrupamento em salas temáticas identificadas (por escolas, como na sala impressionismo/fauvismo). Nem uma indicação relativa ao coleccionador, Gustav Rau, às circunstâncias das compras, aos motivos das escolhas ou até aos critérios estéticos inerentes. À partida, nada relaciona o gosto de Rau por arte sacra, retrato ou paisagismo bucólico. Quanto aos conteúdos expostos, é inegável a qualidade destes mestres da pintura (com Canaletto, Sisley, Signac ou Monet) se bem que, por exemplo, no quadro de El Greco se sinta a falta do verde que tanto impressiona os visitantes do Prado. Bom, na verdade, não nos podemos queixar pois ultimamente não fomos marginalizados no que diz respeito a exposições importantes mas, há que ter recursos para as trazer cá.
Grandes Mestres da Pintura Europeia: De Fra Angelico a Bonnard
Colecção Rau, de 18 de Maio a 17 de Setembro no MNAA.
[Susana Viegas]
Colecção Rau, de 18 de Maio a 17 de Setembro no MNAA.
[Susana Viegas]