Cada texto tem um ritmo. Este, por exemplo, dança ao som de In Rainbows, dos Radiohead. Não escrevo assim tantas vezes ouvindo música, preciso do silêncio para a concentração. As palavras têm a sua sonoridade própria, e elas reclamam pela atenção exclusiva que lhes possa dedicar.
Mas escrevi a primeira palavra com a intenção de falar sobre o último álbum da banda que definiu a minha vida nos últimos quinze anos. Vá lá, cedemos à emoção. Ao exagero. Pode uma banda definir uma vida? Cinismo ou abuso da paciência de quem lê? É sério, os Radiohead conduziram a minha vida durante os últimos quinze anos. O que sou por vezes e o que desejo ser quase sempre.
Pensando bem, não é coisa de que me possa orgulhar. Uns tipos entre o paranóico e o deprimente, com um vocalista de rosto assombrosamente assimétrico e a tendência para escrever sobre ovnis e conspirações capitalistas. Define uma geração? Conhecem alguém que, a determinada altura, não tenha sido seduzido pela paranóia pós-moderna?
Quando se fala de Radiohead, fala-se apenas de música? A inovação recente - disponibilizar o álbum para download por um preço à escolha do fã - é apenas um pormenor na carreira. Quando, com Ok Computer, decidiram questionar a música pop desde as suas raízes, teorizando de forma prática, através dos próprios sons produzidos, sobre o que havia antes deles, revolucionaram tudo. Mas revolucionar, é claro, não significa sempre inventar - e os Beatles iniciaram tudo. Mas um discurso teórico (perdão pelo pretensiosismo) sobre a própria produção musical é coisa rara; se quisermos falemos em desconstrução - e não é preciso referir John Cage. A maior revolução foi terem reflectido sobre o que faziam criando álbuns ouvidos por milhões. Desde Ok Computer, cada álbum dos Radiohead pode ser ouvido a diferentes níveis; se quisermos, são constituídos por diversas camadas de interpretação.
Fui demasiado longe? Seja. Tentar racionalizar a paixão por uma banda leva a um discurso manco. Falta sempre qualquer coisa. Qualquer coisa que descreva com exactidão poética o fascínio. Enveredemos pela metáfora, então. Imagine-se a tal metáfora. A que defina na perfeição a importância dos Radiohead na minha vida. Eu não consigo. E, no fim de contas, falamos apenas de música pop.
Mas escrevi a primeira palavra com a intenção de falar sobre o último álbum da banda que definiu a minha vida nos últimos quinze anos. Vá lá, cedemos à emoção. Ao exagero. Pode uma banda definir uma vida? Cinismo ou abuso da paciência de quem lê? É sério, os Radiohead conduziram a minha vida durante os últimos quinze anos. O que sou por vezes e o que desejo ser quase sempre.
Pensando bem, não é coisa de que me possa orgulhar. Uns tipos entre o paranóico e o deprimente, com um vocalista de rosto assombrosamente assimétrico e a tendência para escrever sobre ovnis e conspirações capitalistas. Define uma geração? Conhecem alguém que, a determinada altura, não tenha sido seduzido pela paranóia pós-moderna?
Quando se fala de Radiohead, fala-se apenas de música? A inovação recente - disponibilizar o álbum para download por um preço à escolha do fã - é apenas um pormenor na carreira. Quando, com Ok Computer, decidiram questionar a música pop desde as suas raízes, teorizando de forma prática, através dos próprios sons produzidos, sobre o que havia antes deles, revolucionaram tudo. Mas revolucionar, é claro, não significa sempre inventar - e os Beatles iniciaram tudo. Mas um discurso teórico (perdão pelo pretensiosismo) sobre a própria produção musical é coisa rara; se quisermos falemos em desconstrução - e não é preciso referir John Cage. A maior revolução foi terem reflectido sobre o que faziam criando álbuns ouvidos por milhões. Desde Ok Computer, cada álbum dos Radiohead pode ser ouvido a diferentes níveis; se quisermos, são constituídos por diversas camadas de interpretação.
Fui demasiado longe? Seja. Tentar racionalizar a paixão por uma banda leva a um discurso manco. Falta sempre qualquer coisa. Qualquer coisa que descreva com exactidão poética o fascínio. Enveredemos pela metáfora, então. Imagine-se a tal metáfora. A que defina na perfeição a importância dos Radiohead na minha vida. Eu não consigo. E, no fim de contas, falamos apenas de música pop.
[Sérgio Lavos]
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