
Auster é um bom contador de histórias (e quase escrevi "estórias", mas corrigi a tempo); acertou em dois ou três romances; consegue continuar a entusiasmar apesar do bloqueio criativo recente (por isso tem se interessado pelos domínios da metaficção e da ficção auto-referencial); mas não é, de modo algum, um cineasta. Alguém que domine a linguagem cinematográfica de modo seguro. A prova disto é a diferença entre os dois filmes que ele dirigiu em conjunto com Wayne Wang, "Fumo" e "Fumo Azul" e os dois que realizou a solo, este e "Lulu on the Bridge". O universo é o mesmo. O poder encantatório é semelhante. A marca "auster" é reconhecível à distância. Mas não chega ilustrar uma boa história com imagens. Nunca chegou. A velha ideia de que uma uma história fraca pode dar um grande filme (e penso em Hitchcock ou "As Pontes de Madison County") ainda é válida. E uma boa história tem de ser obliterada, implodida, para se transformar em bom cinema. Auster não o sabe fazer. É pena.
[Sérgio Lavos]
1 comentário:
Podes ter a certeza de que quando o conseguir ver - duas crianças e uma vida familiar, de pai e marido zeloso (auto-elogio talvez sem nada que o sustente) que não me permitem encontrar uma brecha para me deslocar por duas horas ao cinema - haverá opinião.
Já ensaiei, com base na tua opinião e por exemplo nas do Luís (Aranhas) e de outros cuja opinião costumo respeitar em assunto cinematográfico, numa página do word, devidamente arquivada, uma solene irritação perante o desperdício criativo. Agora só me falta o pormaior de ver o filme (estive mesmo para o publicar antes à laia de aviso prévio).
Abraço,
André
Enviar um comentário