Um dos textos mais imaginativos que já me passaram pelas mãos foi escrito por um colega de escola. A partir do nada.
Tínhamos de escrever sobre qualquer coisa - um ensaio, um conto, um daqueles exercícios um pouco idiotas de escrita criativa que os professores de português são obrigados a fazer de vez em quando. Não me recordo do texto que escrevi (terá sido uma longa e chata digressão sobre o sistema que nos obrigava a fazer a PGA ou um qualquer conto de uma página ao estilo Robert Heinlein, um dos dois, um dos dois, assim tem sido a minha vida). Lembro-me de forma bastante clara da extravagância sobre o nada que esse colega inventou. A professora delirou. (Alguém - algo? - me sopra ao ouvido - "todos os textos são sobre nada" - mando calar a vozinha: "não sabe que isso é um cliché?"). A professora leu o texto alto para a turma (e não falo de crianças, estaria para aí no 10º ano), como bom exemplo da criatividade juvenil. Curioso era o facto de esse colega ser um aluno medíocre, bom de bola (pé esquerdo assassino, marcava cantos directos em jogos dos distritais de Leiria e tinha um toque de bola que fazia lembrar o Balakov, gingar e passar, sempre a vinte à hora). Bom também no capítulo mulheres. Para que queria ele então saber escrever? Estudar? Escrever é para nerd de primeira fila (alto, alto, que nessa altura eu já andava pelas últimas). Que benefício lhe poderia trazer a escrita? Tinha quantas namoradas quisesse, jogava bem à bola, que lhe interessavam os livros? A verdade é que a história que ele inventou foi uma desculpa para a preguiça. Encostado pela obrigação de mostrar algo, naquele momento, naquela aula, inventou, criou. Não é para todos. Aproveitou o aperto? Não sei, não o vejo há mais ou menos 15 anos, e a última vez que tive notícias dele, estava bem na vida, casado e tal, essas coisas a que todos chegam. O seu lampejo foi breve, ele nem deve ter ligado. Ah, e também não se tornou futebolista. Julgo que a carreira se terá perdido entre a preguiça e a vontade de viver encostado à vida. Histórias.
Conclusão? Para quê insistir então, se a felicidade está tão perto?
Tínhamos de escrever sobre qualquer coisa - um ensaio, um conto, um daqueles exercícios um pouco idiotas de escrita criativa que os professores de português são obrigados a fazer de vez em quando. Não me recordo do texto que escrevi (terá sido uma longa e chata digressão sobre o sistema que nos obrigava a fazer a PGA ou um qualquer conto de uma página ao estilo Robert Heinlein, um dos dois, um dos dois, assim tem sido a minha vida). Lembro-me de forma bastante clara da extravagância sobre o nada que esse colega inventou. A professora delirou. (Alguém - algo? - me sopra ao ouvido - "todos os textos são sobre nada" - mando calar a vozinha: "não sabe que isso é um cliché?"). A professora leu o texto alto para a turma (e não falo de crianças, estaria para aí no 10º ano), como bom exemplo da criatividade juvenil. Curioso era o facto de esse colega ser um aluno medíocre, bom de bola (pé esquerdo assassino, marcava cantos directos em jogos dos distritais de Leiria e tinha um toque de bola que fazia lembrar o Balakov, gingar e passar, sempre a vinte à hora). Bom também no capítulo mulheres. Para que queria ele então saber escrever? Estudar? Escrever é para nerd de primeira fila (alto, alto, que nessa altura eu já andava pelas últimas). Que benefício lhe poderia trazer a escrita? Tinha quantas namoradas quisesse, jogava bem à bola, que lhe interessavam os livros? A verdade é que a história que ele inventou foi uma desculpa para a preguiça. Encostado pela obrigação de mostrar algo, naquele momento, naquela aula, inventou, criou. Não é para todos. Aproveitou o aperto? Não sei, não o vejo há mais ou menos 15 anos, e a última vez que tive notícias dele, estava bem na vida, casado e tal, essas coisas a que todos chegam. O seu lampejo foi breve, ele nem deve ter ligado. Ah, e também não se tornou futebolista. Julgo que a carreira se terá perdido entre a preguiça e a vontade de viver encostado à vida. Histórias.
Conclusão? Para quê insistir então, se a felicidade está tão perto?
[Sérgio Lavos]
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