Escrever para um blogue é condenar um texto ao esquecimento. À partida, todo o texto nasce condenado ao esquecimento, é verdade. E os blogues também apareceram para servirem de depósito para a criatividade de quem os cria, outro nome para a gaveta do passado.
Há duas fases principais no processo de escrita - o impulso inicial, que leva à escrita nem que seja para ser apagada cinco minutos depois, e a vontade posterior de divulgar o que se escreveu - há muito, quase tudo, de ego nesta segunda fase. Os blogues permitem eliminar uma série de problemas: a avaliação por parte do outro, ainda antes da publicação; a reescrita séria e empenhada daquilo que se escreve (a maior parte dos bloggers escreve directamente para ser publicado, sem passar por corrector ortográfico); o arrependimento (apesar da possibilidade de se poder apagar depois). Publicar num blogue elimina os escolhos com que um texto se depara. Mas a verdade é que são esses escolhos que permitem a solução dos problemas do texto. Por isso, o texto publicado em blogue é, à partida, mais fraco do que aquele que chega à fase de impressão. Para além disso, existe uma diferença de esforço entre quem escreve para uma publicação periódica e quem escreve pensando num livro. Uma escala crescente de exigência: blogue - revistas e jornais - livros.
É claro que um mau escritor é-o em qualquer suporte. Daí o lugar-comum que vemos escrito por muitos bloggers - de que existem muitos textos blogosféricos melhores do que muita coisa que se publica em papel. Ora, isso não diz nada acerca de coisa nenhuma; nem sobre os textos virtuais nem sobre a qualidade média da literatura publicada em livro. Mas acaba por ser mais imediato, mais fácil, e portanto menos exigente, a publicação em blogue. Por enquanto.
A evolução natural deste estado de coisas leva a duas situações: o progressivo abandono, por parte do escritor, do suporte livro; a crescente tendência para os conteúdos criativos da Internet serem pagos, seja directamente, pelos donos dos sítios onde o escritor publica, seja indirectamente, através da publicidade que aparece nos blogues. É claro que os puristas irão reclamar - quem está por cá desde o início acha que o diário virtual deve continuar a ser o exercício jaculatório que até agora tem sido. Este modo de pensar não ajuda ao respeito pelo texto: uma rede de blogues onde o leitor tivesse de pagar para aceder aos conteúdos não significa que os blogues que nascem como nódulo de uma rede social desaparecessem. Mas os melhores blogues passariam a ser valorizados - e o trabalho intelectual seria compensado.
Há duas fases principais no processo de escrita - o impulso inicial, que leva à escrita nem que seja para ser apagada cinco minutos depois, e a vontade posterior de divulgar o que se escreveu - há muito, quase tudo, de ego nesta segunda fase. Os blogues permitem eliminar uma série de problemas: a avaliação por parte do outro, ainda antes da publicação; a reescrita séria e empenhada daquilo que se escreve (a maior parte dos bloggers escreve directamente para ser publicado, sem passar por corrector ortográfico); o arrependimento (apesar da possibilidade de se poder apagar depois). Publicar num blogue elimina os escolhos com que um texto se depara. Mas a verdade é que são esses escolhos que permitem a solução dos problemas do texto. Por isso, o texto publicado em blogue é, à partida, mais fraco do que aquele que chega à fase de impressão. Para além disso, existe uma diferença de esforço entre quem escreve para uma publicação periódica e quem escreve pensando num livro. Uma escala crescente de exigência: blogue - revistas e jornais - livros.
É claro que um mau escritor é-o em qualquer suporte. Daí o lugar-comum que vemos escrito por muitos bloggers - de que existem muitos textos blogosféricos melhores do que muita coisa que se publica em papel. Ora, isso não diz nada acerca de coisa nenhuma; nem sobre os textos virtuais nem sobre a qualidade média da literatura publicada em livro. Mas acaba por ser mais imediato, mais fácil, e portanto menos exigente, a publicação em blogue. Por enquanto.
A evolução natural deste estado de coisas leva a duas situações: o progressivo abandono, por parte do escritor, do suporte livro; a crescente tendência para os conteúdos criativos da Internet serem pagos, seja directamente, pelos donos dos sítios onde o escritor publica, seja indirectamente, através da publicidade que aparece nos blogues. É claro que os puristas irão reclamar - quem está por cá desde o início acha que o diário virtual deve continuar a ser o exercício jaculatório que até agora tem sido. Este modo de pensar não ajuda ao respeito pelo texto: uma rede de blogues onde o leitor tivesse de pagar para aceder aos conteúdos não significa que os blogues que nascem como nódulo de uma rede social desaparecessem. Mas os melhores blogues passariam a ser valorizados - e o trabalho intelectual seria compensado.
(1) e (2)
[Sérgio Lavos]
1 comentário:
... e no entanto, há quem escreva em blogues para descobrir, graças à escrita líquida que todo o post convoca, aquilo julgava não existir.
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