E por falar em
crítica musical, o álbum
Boxer pode ser o equivalente a uma tarde bem passada com os amigos, recordando histórias com mais de 10 anos; os aforismos de Agustina (sem Bessa-Luís) podem ser de um estirpe diferente dos de Matt Berninger (duvido que o rapaz aguentasse um serão inteiro a inalar naftalina num qualquer palacete do Minho, ouvindo histórias antigas de vinhateiros do Douro e escutando as confissões das tias velhas que, imagino, apenas vivem nos livros de Agustina); mas a verdade é que, para "álbum rock" (o que é isso?), não está nada mal. O mais ouvido (de longe) do ano.
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Ou então, repousai as espadas e ouvi os LCD Soundsystem, que conseguem provar em
Sound of Silver que a reciclagem pode ser mais do que uma moda para os próximos tempos - a diferença entre reciclar e recriar pode estar a um James Murphy de distância.
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E depois... há uns gajos que podem não ser tão perfeitos como Johann Sebastian, tão complexos como um Ludwig van, mas enfim, tem muito de
ultraviolence, paranóia pós-moderna para usar em conjunto com o derradeiro
gadjet que a mãe ofereceu no Natal - ouvir um disco novo de Radiohead é como (agora sem metáfora) regressar ao convívio de antigos amigos - e que, ainda por cima, consegue fazer derreter o gelo que se tinha formado aquando do último
Hail to the Thief. No passo, conseguindo revolucionar (um pouco mais) o meio musical, indicando o caminho a seguir pelos músicos do futuro.
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Enfim, não sei se isto está de acordo com os parâmetros do bom-gosto. Não sei se falar de pop-rock está dentro das regras do convívio e da civilização. Não sei se o uso de metáforas a declinar para o mau-gosto deve ser autorizado em textos sobre música. Mas que estes foram os três álbuns que me deram mais pica (será sensato, utilizar esta palavra?), foram. Do ano. E das próximas décadas. Portanto, para sempre.
[
Sérgio Lavos]
1 comentário:
o mais importante não é falar ou discutir a pop ou o rock. o mais importante é ouvir. ouvir, de preferência, boa música. e isso parace que o sérgio já faz.
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