Dos mortos destes últimos tempos destaca-se, no meu álbum de favoritos, Tony Wilson. O génio por trás dos génios, como alguém lhe poderá ter chamado. Se não chamou, devia. Quem viu "24 Hour Party People" sabe do que falo. Wilson morreu sem lucrar com a mineração que levou a cabo nos 80. Talvez não precisasse. Não que a eternidade queira alguma coisa com ele. Ela costuma ser madrasta para os mecenas e visionários que são capazes de suportar uma vida em segundo plano, aturando humores e genialidades dos artistas que por eles são criados. E não há qualquer exagero no termo: quando Tony Wilson reconhece a centelha nuns Warsaw medianos, gatas borralheiras sob os céus cinzentos de Manchester, e transforma-os em sublimes princesas, Joy Division para todo o sempre (é preciso acreditar nesta última afirmação como quem acredita num milagre, a música pop a isso obriga), e como bónus ainda nos oferece os pais da electrónica New Order, não há outra palavra que se adeque. E depois encontrou o Messias dos party boozers, ou como lhe chamava, o Oscar Wilde dos tempos modernos, Shaun Ryder (Bez foi um feliz acaso).
Não sei que ala habita lá em cima; desconfio que o Céu, para ele, já passou. Uma Hacienda a abarrotar, de gente e de (pó de) Anjos, amigos e desconhecidos, música até o Sol nascer. Nem Deus poderá repetir tal conjugação de elementos.
(Tudo isto a tocar ali na barra ao lado durante os próximos tempos)
[Sérgio Lavos]
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