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A afirmação da ideia de mulher enquanto conceito cultural, a maior contribuição de Beauvoir para o feminismo (o que vale isto perante a luta das sufragistas, não é?), não pode ser compatível com a maior conquista do feminismo, desde o seu aparecimento: a liberdade sexual da mulher, em qualquer circunstância. Pelo menos, na boca de muitas da seguidoras do pensamento da filósofa. É este o meu maior problema com o feminismo: transformar mulheres sensatas, inteligentes, em puritanas ainda mais puritanas que as mulheres no tempo da rainha Vitória. Mulheres que nunca irão perceber como o pensamento de Camille Paglia é libertador (e libertário) e o de Judith Butler apenas perpetua estereótipos (as chamadas diferenças de género) e justifica a marginalidade de comportamentos sexuais anómalos, que visam imitar e repetir estes estereótipos, contra os quais Simone de Beauvoir lutou.
Longa vida a Simone de Beauvoir, vestida ou despida, na intimidade ou nos livros - e a simetria das duas enumerações é propositada; nada pode ser mais erótico do que uma mulher que pensa. O pensamento como motivo de escândalo. Um pecado.
Longa vida a Simone de Beauvoir, vestida ou despida, na intimidade ou nos livros - e a simetria das duas enumerações é propositada; nada pode ser mais erótico do que uma mulher que pensa. O pensamento como motivo de escândalo. Um pecado.
[Sérgio Lavos]
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