Neste blogue, perdido na corrente dos arquivos, há um texto onde refiro (detalhadamente) um livro que, em boa verdade, não existe. Dou as referências bibliográficas, editor, ano de edição, as páginas referentes às citações escolhidas; falo do percurso do autor, evidencio o empenho do tradutor (e o seu interesse) em traduzir o livro, confesso-me fascinado com o pequeno volume. Espalhadas pelo blogue, mais referências a livros que nunca foram publicados. A história que o Luís conta (inventa) não pode ser verdadeira. Pode-se perfeitamente escrever sobre livros que se formaram apenas na nossa imaginação - a Biblioteca de Papel de Mário Santos (há uns meses terminada, no Público) induziu-me em erro (talvez por distracção) durante algumas semanas. Borges escreveu um livro sobre seres imaginários, Calvino construiu cidades invisíveis. Poderia escrever poemas inspirados por quadros inexistentes, que ninguém se daria ao trabalho de averiguar as remissões. O leitor que comenta, no blogue que o Luís refere, a tal invenção do blogger, só pode ser uma pessoa muito mal-intencionada. Se o blogger migrou para o Sapo e se tornou de referência, tanto melhor. Toda a escrita pode incorrer na mentira. Se assim não fosse, ninguém leria ninguém. Alguém contesta?
[Sérgio Lavos]
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