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"O Bom Alemão", por outro lado, é uma obra que se leva mais a sério. A subversão, para Sodebergh, deve limitar a irrisão que lhe está associada. Quando vemos a cena da partida no final, mimetizando "Casablanca", acreditamos mais na amargura cínica de "O Bom Alemão" do que no romantismo inverosímil do filme de Michael Curtiz. Do mesmo modo, a evocação da Berlim em ruínas não tem a motivação de cariz ideológico de "Alemanha, Ano Zero", de Rossellini. Já pensámos a guerra. Agora tornamo-la cenário de um tempo perdido. O filme de Rossellini meditava sobre a devastação, Soderbergh cita apenas os cenários, vazios de conteúdo histórico mas significativos do ponto de vista estético. O pastiche é assim uma forma de recriar a memória - primeiro, cinéfila, e depois a da realidade em si. Haverá outro modo de tornar a arte útil?
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