Não me peçam para explicar a diferença entre as aspas assim: "" e assim: «». Se me falarem de parênteses, tudo bem, abro um parênteses: (onde poderá caber o que bem me apetecer, cumprindo as regras da gramática ou estando-me a marimbar para elas; de resto, posso acabar aqui e fechar o parênteses: ), mas não estou para aí virado. Comprei quando era jovem - essa extraordinária categoria etária que engloba desde um recém-nascido até a um quarentão iniciando o seu negócio por conta-própria - uma gramática, mas descobri, ao fim de algumas páginas, que ela não revelava o segredo dos escritores. Por muito boa que seja a gramática, ela nunca poderá ser como aqueles manuais de magia que desavergonhadamente destapam a careca dos ilusionistas; nunca poderá demonstrar matematicamente a poesia. Nem os erros ortográficos escapam ao desnorte do génio literário. Há manuscritos que envergonhariam qualquer revisor minimamente formado.
(Essa bela raça, os revisores... que julgam poder emendar de forma tão brilhante como o fez antes o escritor. Pequenas vinganças. Corrigir o autor! E o recensionista - que rima com ascensorista -, o upgrade do revisor literário, sempre à cata da pulga no dorso bamboleante do escritor. É uma metáfora mais ronhosa, lá está ele! Uma sinédoque mal-amanhada, zás! Um livro anão numa obra de gigante, ferrai-lhe o dente! As alegrias breves que um grande revisor ou um pequeno recensor - ou será recensionista? Que rima com recepcionista... - podem sentir...)
Não sei bem se posso terminar o parágrafo de cima com um parênteses, mas o prontuário não está neste momento à mão, e não está também em uso à beira da sanita. O que me lembra da expressão popular, à beira, à beirinha, confiadamente pouco utilizada na língua portuguesa. São dois já, dois advérbios de modo inteiros e unos, o melhor é deixar o texto por agora, deixá-lo levedar, até que ganhe corpo. Não passa de uma série desconexa de signos aleatórios, descodificados por uma linguagem binária criada por alguém que certamente (e vão três) não perderia muito tempo em excessos verbais desnecessários. Querem um poema? E=MC2.
[Sérgio Lavos]
(Essa bela raça, os revisores... que julgam poder emendar de forma tão brilhante como o fez antes o escritor. Pequenas vinganças. Corrigir o autor! E o recensionista - que rima com ascensorista -, o upgrade do revisor literário, sempre à cata da pulga no dorso bamboleante do escritor. É uma metáfora mais ronhosa, lá está ele! Uma sinédoque mal-amanhada, zás! Um livro anão numa obra de gigante, ferrai-lhe o dente! As alegrias breves que um grande revisor ou um pequeno recensor - ou será recensionista? Que rima com recepcionista... - podem sentir...)
Não sei bem se posso terminar o parágrafo de cima com um parênteses, mas o prontuário não está neste momento à mão, e não está também em uso à beira da sanita. O que me lembra da expressão popular, à beira, à beirinha, confiadamente pouco utilizada na língua portuguesa. São dois já, dois advérbios de modo inteiros e unos, o melhor é deixar o texto por agora, deixá-lo levedar, até que ganhe corpo. Não passa de uma série desconexa de signos aleatórios, descodificados por uma linguagem binária criada por alguém que certamente (e vão três) não perderia muito tempo em excessos verbais desnecessários. Querem um poema? E=MC2.
[Sérgio Lavos]
Sem comentários:
Enviar um comentário