21/05/08

Berlim (excertos) #2

Foto: Sérgio Lavos

A sub-população ajuda a justificar o ar limpo e airoso dos transportes públicos; a tradicional eficiência alemã completa a ideia. A verdade é que poderia ter corrido mal noutra cidade qualquer. Mas o modo como a urbe se organiza, de um centro verde, o Tiergarten, para a periferia cortada a meio pelo fantasma de um muro, explica a perfeição da rede de transportes. Os comboios circulam em redor deste centro, cruzando-o uma ou duas vezes apenas, e o metro atravessa diametralmente o círculo sem incomodar o descanso que a paisagem proporciona. E depois é sempre fantástico passearmos por uma cidade que faz lembrar Metropolis, de Fritz Lang, com as linhas de comboio suspensas a alguns metros das ruas, as carruagens deslizando sobre as cabeças, cortando o horizonte verde que espreita a cada esquina. Por duas ou três vezes, vêem-se edifícios ligados por corredores no ar, e parece que a realidade (mais precisamente, os arquitectos que projectaram a estrutura) imita o cinema. De qualquer modo, quem vive em Berlim nem precisa de desfrutar da eficiência da rede de transportes públicos - todas as ruas são dotadas de ciclovias; milhares de bicicletas circulam, e lá se vai a ideia de que viver numa cidade é menos saudável do que viver fora dela.

[Sérgio Lavos]

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