Na praça Breitscheid, a primeira impressão não foi a melhor; cosmopolitismo sujo, restaurantes de fast-food a espalhar lixo em redor, bric-à-brac de lojas ao melhor estilo de praia, souvenirs e livros de saldo, turistas mais ou menos serenados à procura de um lugar melhor para visitar, freaks de garrafas de tinto na mão a atirar migalhas aos rafeiros que os acompanham, músicos mal amanhados a pedirem meças ao seu jeito desajustado. A igreja Kaiser Wilhem-Gedänichts é uma ruína cuidada no meio de escombros da pós-modernidade. O resto da igreja, o altar que as bombas pouparam, apinhado de pessoas espreitando um princípio da história; a nova igreja em frente - no fundo uma desilusão, com edifício da Bayer e centro comercial Europa à mistura, e o berço do festival de cinema, o Zoopalast, envergonhado a um canto da praça.
Naquele nódulo do tecido urbano, a cidade concentra parte do pior, deixando no entanto entrever, acomodada às linhas planas que se estendem a partir dali, a geometria clara e rigorosa que se ergueu a partir de uma ferida. Uma luminosa cicatriz no mapa da Alemanha.
[Sérgio Lavos]
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