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E depois, a parte da visão; o artista acede a esse plano desordenado e move-o para o plano da razão. A viagem é perigosa; o artista arrisca-se a ficar perdido nesse plano (tantos os casos, tantos). E mesmo quando regressa, os efeitos da viagem continuam a fazer-se sentir - o artista é um espectro do caos, espelho pálido da verdade que serve de corrente de transmissão de uma mínima centelha da energia essencial da criação.
Olhamos o artista: parece-nos louco. Contudo, sabemos (se tivermos coragem para isso) que a loucura é outra forma de recusarmos a viagem, a entrada no caos. A ordem aparente do mundo, perfeita coisa mental, para que se possa viver.
Entramos em museus, olhamos as imagens nos livros, para quê? Para, através dos olhos do artista, espreitarmos o caos que nos governa. Aquele que, para lá das portas do museu, tentamos a todo o custo não ver. Que nos governa.
Olhamos o artista: parece-nos louco. Contudo, sabemos (se tivermos coragem para isso) que a loucura é outra forma de recusarmos a viagem, a entrada no caos. A ordem aparente do mundo, perfeita coisa mental, para que se possa viver.
Entramos em museus, olhamos as imagens nos livros, para quê? Para, através dos olhos do artista, espreitarmos o caos que nos governa. Aquele que, para lá das portas do museu, tentamos a todo o custo não ver. Que nos governa.
(A pintura é de Paula Rego, e intitula-se "o celeiro")
[Sérgio Lavos]
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