Depois de pesquisar avidamente alguns blogues da barra de links em busca de uma entrada que li há semanas a propósito de Uma História de Violência onde era referido de passagem eXistenZ num tom que não se importava de escapar ao unanimismo em torno de Cronenberg, avanço para o texto. Interessava-me a citação porque, revisto o filme em DVD, não poderia concordar mais com o autor da opinião. Mas, não localizando o texto, não poderei dissertar sobre a influência que as opiniões dos outros podem ter no nosso julgamento. Enquanto via o filme, mais me ia apercebendo das fraquezas, e mais se ia firmando a certeza de concordar com a opinião alheia (e, de momento, apócrifa). Reconheço que cheguei ao final sem perceber até que ponto o meu julgamento não foi condicionado pelo preconceito inicial. Retenho do primeiro visionamento uma impressão de desilusão; agravada pelo deslumbramento que Crash me provocou, plenitude de um filmografia desconcertante e fabulosa. Desde Videodrome até Naked Lunch, passando pelo meu favorito Irmãos Inseparáveis (não esquecendo o injustamente subestimado M. Butterfly).
[Sérgio Lavos]
Reafirmo então, mais seguro: eXistenZ é, sem dúvida, de entre aqueles que eu vi, o filme mais fraco de David Cronenberg. As obsessões de sempre transformadas em joguinho de reflexão rasa e sem nervo, um filme como uma cebola que se descasca camada após camada até já nada restar, o vazio. Mas gostei da pistola de ossos que dispara dentes. E dos animais mutantes da fábrica replicando ionis expostas. E do orifício onde entra no cordão umbilical - as óbvias, e ainda assim, divertidas, alusões a impulsos sexuais duvidosos. Há sempre qualquer coisa que salva os filmes daqueles de quem gostamos.
[Sérgio Lavos]
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