06/03/13

Serrei a macieira ao pé da janela

Serrei a macieira ao pé da janela.
Por um lado, tapava a vista,
a sala de estar ficava pálida no Verão,
por outro lado, os grossistas já
não queriam aquela qualidade de maçã.
Pensei no que diria
meu pai, ele gostava
daquela macieira.
Ainda assim, serrei-a.

Está muito luminoso, posso
ver para lá do fiorde
ou observar
mais vizinhos,
a casa está agora à vista
de todos, mostra
mais de si mesma.

Não quero admiti-lo, mas sinto falta da macieira.
As coisas não são o que eram. Dava um bom abrigo
e boa sombra, o sol espreitava através dos ramos
em direcção à mesa, e à noite eu costumava deitar-me
a ouvir as folhas ao vento. E as maçãs –
de sabor mais apimentado, na Primavera, não há.
Dói sempre que olho o cepo: quando
enfraquecer, irei desfazê-lo em lenha.

Um poema de Olav H. Hauge traduzido por Henrique Manuel Bento Fialho.

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