Andam dias em fuga,
saltam da sequência, a um não se segue
o outro, e ontem é como se fosse
um sonho ao qual não queremos dar forma.
Março assim, apenas o princípio,
a noite que chega mais tarde,
espera do calor, chuva caindo
por dentro da tristeza,
domingos traindo a sua natureza,
quando não esperamos o fim
de coração na boca.
E vamos enganando o tempo
com a dança dos dias que fogem.
Quando dermos pela brincadeira,
a morte terá o seu reino.
Nos sonhos de agora afastamos o
medo, renunciamos,
e a vida que teremos ao acordar
é um extenso areal onde
se encontram o mar e a memória
dos dias de praia que virão.
Quando assentamos no que somos,
percebemos que no ponto onde nos encontramos
não há movimento – apenas uma
infinita imobilidade, águas paradas, o fim da estação.
Calou-se a chuva. Março arranca.
Sem comentários:
Enviar um comentário