Não nos ensinaram a perder.
Tanto tempo passado e os mesmos pulhas
lixam-nos a vida, e não é a mãe, não é o pai -
são os pulhas lá fora que nos tramam,
à nossa vulgaridade burguesa,
a necessidade de controlar o tédio,
de pertencer a um mundo tão fragmentado
que nenhuma imagem o poderá remendar.
E perdemos amigos verdadeiros
para ganharmos amigos que nunca iremos conhecer;
perder, perder, perder,
antes de naufragarmos na velhice
e então esquecer a sério os amigos que perdemos,
e a memória dos amores que não iremos recuperar.
Lixam-nos a vida com a permissividade que
nos leva a sentir menos o sofrimento dos outros,
e nós deixamo-nos lixar, felizes
na nossa pacífica derrota, isolados num mundo a que
dizemos não pertencer - mas como pertencemos!
Tudo o que nos ensinaram foi
a saber como ganhar; todas as lições erradas,
e agora submetemos os nossos filhos
à mesma dança envenenada, o testamento
deixado a uma vida que não espera,
porque nada tem a perder.
Ensinaram-nos todas as coisas erradas; e é tão
inútil, a alegria de aqui estar.
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