Julian Barnes preparou o terreno até chegar à primeira surpresa do livro, mas eu não percebi. O que era, até certo momento, uma desapaixonada memória de juventude transformou-se numa reflexão sobre o sentido da vida a partir da célebre primeira frase de Camus: "O suicídio é a única questão filosófica".
Não me interessa resolver agora esse problema - ainda há quem se atreva a tentar? - mas antes realçar a perfeição do efeito. Os sinais, subtis, de que a narrativa iria sofrer uma inflexão dramática - como a vida, lá está, como a vida - foram semeados pacientemente por Barnes, sem nunca deixar de cativar o leitor com episódios mais ou menos picarescos da história das personagens. Curiosamente, a tal questão filosófica é um tema que terá mais a ver com as pretensões da juventude do que com a sabedoria da velhice. Mas apenas o desenrolar do fio do romance poderá confirmar esta intuição.
Entretanto, em Dublin decorre o funeral de Paddy.
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