«Foi um "danado da terra" nas Vinhas da Ira de Ford-Steinbeck, no papel de Tom Joad. Aprendia com a família e com John Carradine o que era ser humilhado e ofendido. E, no fim, largava os seus para ir lutar por quantos vira serem injustamente expoliados. É noite e a mãe (fabulosa Jane Darwell) acorda ouvindo-o sair. Das razões dessa levada fala Fonda no mais comprometido e menos demagógico de quantos discursos semelhantes ouvimos em cinema. E diz que "enquanto polícias baterem", "enquanto houver gente com fome", "enquanto houver crianças que riem e acreditam", "I'll be there". Se quem não viu Grapes of Wrath pensar que é um fadinho, vá vê-lo e depois venha-me contar. John Ford era um conservador, Henry Fonda um liberal. Mas nenhum crente progressista, nenhum neo-realista italiano conseguiu jamais metade da verdade e metade da força. Saímos do filme com a certeza de que "we will be there" também, "seeing his face in some nice place". Nesse papel, estão as raízes perdidas das indomináveis convicções.»
João Bénard da Costa, em Muito Lá de Casa, ed. Assírio & Alvim
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