Sou interpelado de forma indirecta na altura errada; o Verão não está para silly seasons, e eu até gosto do Alexandre (já o nome nada me diz - histórias antigas, a trilogia da Mary Renault sobre c o outro Alexandre comprada e arrumada em dois curtos tempos).
A verdade é que o calor amolece - não sei se já deram conta; a rotina transforma os dias em lã molhada, e até as figuras de estilo são repetitivas e absurdas (talvez por isto esta não tenha sido a estação certa para o grande Rogério Casanova escrever uma recensão ao último da Margarida Rebelo Pinto - pouco eficaz, parece-me; partindo do princípio de que ela se dá ao trabalho de ler o que escrevem sobre as suas coisitas, duvido que tenha entendido um grama que fosse do sarcasmo derreado do Casanova; mas enfim, para comprovar, basta ler o Cartaz do Expresso de esta semana).
E é um calor - continuemos na conversa do tempo - digamos, em falso. Como um passo a tropeçar no degrau, um calor que não chega a ser de incêndio. E estamos por casa, sem o ruído das cigarras, o cheiro das estevas, o sabor da melancia fresca. Por casa, na cidade, entricheirados, amarrados à obrigação da vida adulta - Cristo chegou até aqui, mas depois entregou-se sem luta.
Resta-me deste modo ir jantar, que a noite ofereceu-me uma trégua.
[Sérgio Lavos]
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