Matt Berninger, compositor e vocalista dos National, escreve como um tipo novo com alma de velho. Amigos e mulheres que passam, pormenores que ficam gravados na memória, arrependimentos, obsessões sentimentais, neuroses de adolescente e vagas fantasias sexuais. Tudo matéria já antes tratada pela música pop. Mas a novidade não está aí. Nem sequer na elegância das referências musicais - Joy Division menos minimalistas, Tindersticks com mais veia rock, Leonard Cohen com um maior sentido de ritmo. As letras de Berninger cruzam referências várias com uma ironia desarmante, contribuindo para uma certa aura de romântico cínico. As metáforas, entre o constrangedor e o surrealista, são o cimento que dá consistência aos episódios de amor desencantado. E depois, há a bateria de Brian Devendorf, que não se limita a estar lá, a acompanhar os outros músicos. Não há grande música sem excelentes músicos - e as letras e a voz eloquente de Berninger não seriam nada sem os ritmos de Devendorf. E o melhor do álbum é que leva o seu tempo a crescer dentro de nós. Como os melhores vinhos. Vintage 2007.
D.J. Irmão Lúcia, ouve este álbum mais do que uma vez seguida. Depois falamos.
[Sérgio Lavos]
1 comentário:
eu gosto especialmente da letra da que tens aqui ao lado.
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