
O silêncio é a grande vantagem do filme de Pascale Ferran. Ao ponto de achar que a voz-off pontual e os entretítulos são redundantes. Quando Ferran cala a voz tagarela de Lawrence, acerta. A direcção de actores é impecável, aproveitando ao máximo a expressividade e o contraste entre Marina Hands, bela, confiante e feminina, e Jean-Louis Coullou'ch, algures entre a dureza do "bom selvagem" de Rousseau e uma fragilidade de animal acossado pelo amor de uma mulher. As comparações com "Intimidade", de Patrice Chéreau, não são despropositadas. Eu, curiosamente, lembrei-me de "O Piano", uma versão alterada, ou pelo menos vagamente inspirada, do romance de D. H. Lawrence - a começar no facto de ambos os actores, Harvey Keitel e Coullou'ch, contrariarem invejavelmente o esteorótipo da beleza masculina. Será coincidência ser também uma mulher, Jane Campion, a realizar este filme?
Sobretudo, este é um belo filme sobre a natureza sexual primitiva do Homem. Sobre o modo como essa natureza actua sobre as paixões humanas. E sobre a dificuldade que é resistir à pressão das convenções sociais que espartilham este desejo essencial de liberdade. Não é pouco.
Sobretudo, este é um belo filme sobre a natureza sexual primitiva do Homem. Sobre o modo como essa natureza actua sobre as paixões humanas. E sobre a dificuldade que é resistir à pressão das convenções sociais que espartilham este desejo essencial de liberdade. Não é pouco.
[Sérgio Lavos]
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