Do lado de lá dos montes
sopra o vento, trazendo
com ele o canto dos pássaros
do fim da tarde, quando se preparam
para o sono, voando na sombra das árvores,
procurando nas folhagens o melhor
lugar para dormir.
É o regresso do fim,
um sinal familiar de cansaço,
o calor desaparecido uma memória
escrita na pele,
um cheiro a sal e a desejo domado.
Deixamos entrar a melancolia
e trocamos palavras com o medo.
Pelas portadas vem
o princípio do sonho e aquela
lembrança do filme que vimos
num ano melhor do que este.
Não olho para ti;
na cama deixamos que
a aragem leve o que guardámos
para os pássaros.
A fome cumprida e a sede saciada,
desenha-se no tempo a cicatriz deixada pelo amor.
A tarde retira-se, derrotada.
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