Passagens para jardins
onde nenhuma planta cresce,
onde encontramos a soma
daquilo que nos foi pedido
reduzida a uma pilha de ensaios e mentiras.
Se nos dispomos a perder,
quando partimos,
que seja na solidão dos iludidos,
na sombra que nos retiram
e na memória do que não saberemos guardar.
Se oferecemos os despojos
a braços mais felizes do que sonhámos ser,
percorramos no silêncio a contrição
e a recusa, a derrota a que entregamos
o sangue e o desejo, o sopro
que anima a carne, o amor.
A nosso lado caminha o animal possível.
Vida que não lhe pulsa nas veias,
luz que não lhe sobe aos olhos,
fogo apagado pelo vento frio do tempo.
Animal sabendo que na vida vai morrer.
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