Rasando o ar, chamando o vento,
a andorinha passa, e tu andas
perdida, sais de uma porta cansada
mas falas como se eles não estivessem lá,
o caminho é curto e assassino,
desvias-te do trânsito, desapareces
na rua, a andorinha nota a curva do lábio
pintado, pica mais o voo destemido,
espicaçada pelo movimento
calado do corpo que se mostra escondendo
queria saber ela, (é um pássaro)
o que pensas, uma impossibilidade,
coses os enigmas da vida à couraça
que te protege, a andorinha traz de volta
notícias e sorrio, mergulho
nesse deleite à distância, sei que te atravesso
no voo da ave, a matéria:
lençol trilhado pela luz do verão,
e entretanto regressas, e sentas-te e
julgas pensar no tempo que não tens.
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