04/09/11

A eterna melancolia

Hoje chegou à fala a ideia de que nos lembramos de determinados momentos na nossa vida por causa de uma canção. Canções associam-se, nunca aleatoriamente, a acontecimentos. Esta evidência tem sido bastas vezes aproveitada pela ficção - na literatura como no cinema. Há filmes bons que se tornam muito bons quando o realizador (ou alguém por ele) tem a capacidade de pensar uma imagem e encontrar a música que a possa transcender. Na canção que a torna sublime. Ou na partitura que deixa a sua marca na memória. Sofia Copolla tem esse (não haverá outro modo de colocar a questão) dom. Desde o primeiro filme: a música atmosférica dos Air sublinhando o sonho de Virgens Suicidas; o romantismo indie da música original de Kevin Shields + a canção dos Air + o genérico final ao som de Jesus and Mary Chain de Lost in Translation; o rebuçado de pop melancólica dos New Order em Maria Antonieta. Não vi o seu último filme. Mas pode dizer-se, sem exagero, que Copolla é a cineasta da minha geração; o tédio da juventude, burguês e confortável, a eterna adolescência da geração Y. E a banda-sonora apropriada. Parece não poder terminar, o sonho da juventude.

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