15/09/10

Penelope

Há poucas divas no cinema actual, e as que há nada têm que ver com as de antigamente. São imperfeitas, desiludem-nos, aparecem nos tablóides a cores, carregando sacos de compras, divorciam-se e vêm para imprensa cor-de-rosa lavar a roupa suja dos seus escolhos amorosos. Além disso, o cinema deixou de as servir, não temos Lubitsch ou Billy Wilder ou Howard Hawks a trabalhar nos filmes de produtor, como acontecia na idade de ouro de Hollywood. Papéis bons, grandes interpretações, figuras maiores do que a vida encarnadas no grande ecrã por actrizes intocáveis, tudo se perdeu. Restam talvez Deneuve, Binoche e Hupert em França (Isabelle Adjani trabalha pouco e é irregular nos seus desempenhos). Na América, nenhuma veterana, a não ser Meryl Streep, mas como lhe poderemos perdoar o desfile de maus filmes? Daí para baixo, o deserto: Michelle Pfeiffer recusou o estatuto e perdeu-se. E todas as outras são claramente sobrevalorizadas, a começar em Nicole Kidman e o seu amigo Botox e a acabar na trupe de ex-modelos que ganharam o Oscar a fazer de coitadinhas em filmes que rapidamente caíram no esquecimento.
Enquanto Scarlett Johansson não irrompe da crisálida, teremos sempre a europeia de importação, a única possível herdeira de Greta Garbo ou Ingrid Bergman. Talvez nunca perca o sotaque espanhol - o que joga a seu favor, se pensarmos em Garbo, por exemplo. O que temos é uma espantosa actriz. E enquanto houver Almodovar (esperando que haja mais Woody Allens que reparem nela), haverá Penelope Cruz. A diva possível.

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