27/08/08

Um pequeno apontamento

Dá-se o caso de me encher mais as medidas um conto pouco extenso de Doris Lessing do que grande parte dos romances que li ao longo da minha vida. Este facto, a que nem eu nem quem me lê atribui qualquer importância, acaba por ser na verdade relevante. Porque não escrevo já à mão e não vivo no século dezanove, sinto-me obrigado a refutar algo que escrevi em tempos no blogue, a saber: que o prémio Nobel recebido pela escritora seria toldado pela politiquice da Academia. Não interessa, na realidade. O que importa neste momento é afirmar, sem redundâncias nem rodriguinhos, que Lessing é uma grande escritora, apesar das modernices da ficção mais recente.
Pudesse eu escrever ainda numa folha de papel, e comporia uma elegia à simplicidade certeira e elegante de Lessing, no fim de contas o único modo de chegar ao coração da natureza humana, que acaba por não ser chamada à colação suficientes vezes. Isso: natureza humana. Os pormenores que se destacam do quadro extenuado que é a vida. E tal, e tal. E tenho de ir ver o Dexter.
Enquanto não, visitem o fantástico Ouriquense.

[Sérgio Lavos]

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