Arcade Fire - Funeral (2004)
Um álbum que é uma celebração dos queridos mortos - dificilmente uma banda poderia arranjar melhor assunto para primeiro trabalho. E transformar o que seria uma elegia fúnebre, negra, numa festa em palco, eis o grande feito dos Arcade Fire. Mas, para além dos épicos desempenhos ao vivo, há a música, algures entre David Bowie e a folk, com uma ou outra passagem pelos New Order e os Pixies, num álbum que evoca os gloriosos anos 90, e que apenas poderia dizer algo a quem passou por lá, oscilando entre a melancolia e a euforia, entre Radiohead e Smashing Pumpkins (há muito do desequilíbrio deles em Funeral), entre o fim de qualquer coisa e o princípio de algo que rapidamente passou - o grunge, claro. Se nos limitarmos às pequenas coisas que os Arcade Fire também têm - as histórias de infância, as zangas entre irmãos, as brincadeiras que queríamos prolongar até ao infinito, todos os sons que ilustram a sensação de perda - teremos o suficiente. O hype da década, que nos desiludiu ao segundo ensaio, prolongou-se para lá da estação em que nasceu. Um grande álbum, imperfeito e belo como também podem ser os grandes álbuns.
(vídeo aqui)
Sem comentários:
Enviar um comentário