07/08/12

Edições DOCUMENTA

Não são muitas as vezes em que os marginais passam a perna às leis do mercado, por isso é de assinalar quando isso acontece.
A Assírio & Alvim (a marca e o catálogo) foi comprada pelo grupo Porto Editora, mas passado pouco tempo surgiu o projecto que acaba por ser a Assírio com outro nome, as Edições Documenta, constituída por quatro chancelas: a Sistema Solar, que publica ficção, a Documenta, dedicada ao ensaio e às artes plásticas, a Pedra Angular (uma marca antiga trazida há algum tempo para este novo grupo editorial), devotada à religião, com o dedo do poeta José Tolentino Mendonça, e os livros de bolso da BI, que tinha começado por ser uma parceria entre três editoras de referência: a Assírio, a Relógio d'Água e a Cotovia. 
Os primeiros títulos publicados mostram a mesma exigência de sempre: boas traduções, grafismo exemplar (próximo da Assírio) e um critério editorial inatacável: os livros escolhidos e apresentados pelo tradutor Aníbal Fernandes são o melhor exemplo deste critério.
Entretanto, a antiga Assírio vai-se perdendo na enxurrada de novidades do grupo a que pertence, nada de novo sai, os livros esgotam sem previsão de reedição. Na prática, já desapareceu a Assírio, tal como tinha previsto aqui. Longa vida à Documenta e a quem continua a fazer da edição um prazer e motivo de alegria; mais, muito mais, do que um negócio.

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