Se eu não gostasse tanto de Clint Eastwood, talvez... reformulemos: se eu não gostasse de Clint Eastwood, certamente que agora teria uma excelente razão para não gostar. Apoiar Mitt Romney poderia ser, como escreve o Rui Bebiano, imperdoável. Acontece que gostar de Clint Eastwood, sem obrigar a que eu suspenda os meus valores éticos - que são relativamente absolutos, ou absolutos do meu ponto de vista, porque são eles que moldam o modo como vejo o mundo -, leva a que seja praticamente impossível julgá-lo. Este "gostar" não é apenas gostar; é achar que o sacana comove-me tanto, mas tanto, por fazer tão bem cinema e falar do que é ser humano e todas essas tretas que nos fazem gostar de filmes, que se torna impossível não gostar dele, alguém que parece existir para tornar a nossa vida mais suportável. E caramba, Clint não é um nazi anti-semita como Céline ou um fascista como Ezra Pound. É um republicano fiel, como o foram John Wayne ou John Ford (a partir de certa altura da sua vida) ou Jimmy Stewart. Nada de mais, não consigo gostar menos destes - e de Clint - por terem sido o que foram. Relativizemos, pois então.
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