Uns versos de Cesário Verde: nas nossas ruas, ao anoitecer, há tal soturnidade, tal melancolia... transformados em prosa, deixam de descrever a Lisboa do século XIX e passam a designar qualquer fim de tarde, em qualquer época. Numa cidade, a noite cai de forma abrupta. As pessoas regressam a casa, as luzes acendem-se, o trânsito diminui. A melancolia urbana é triste. O anoitecer no campo é lento, os olhos vão-se habituando à luz nocturna, e o corpo vai atrás, acomoda-se às sombras. A cidade destrói o silêncio. E o campo dá-lhe um nome de família. Não tememos o silêncio, no campo; antes o ruído que o possa interromper. E os versos de Cesário Verde deixam de fazer sentido.
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