Nesse vento eu respiro.
Na frente da casa eu convido quem queira entrar
nesses corredores onde despeço
o tempo e acomodo os tentáculos do esquecimento.
Em breve, da tua vida restará apenas um diário
deixado sobre a arca de mogno escuro
que num Verão antigo transportaram para o sótão.
Nesse diário vivem rostos, e árvores, e amor,
mas as letras que desenham tais inutilidades
começam a sumir – na sombra do sótão, não existem já.
Quando o diário começou a ser escrito,
habitavam
no teu coração as criaturas do espírito que te levava
pela mão, do caminho da escola à ladeira que circundava
o muro mais longínquo da casa. Louro bravo
dançava com as sombras da figueira carregada
de Setembro – o figo, escrito no papel,
tocava os lábios como um verso doce
que te adormecia à noite. Na coroa aberta
do figo dançavam a língua e as palavras que a cobriam.
Tempo de certeza. O voo misterioso da andorinha
tinha o seu regresso marcado – todos os anos
o ninho estava à espera. O ritmo das estações,
exato e pleno, adormecia-te quando o temor rondava.
Contra o vento eu agora respiro. Mas não
resisto.
E ajudo a morte, ajudo, fecho as janelas de casa
sabendo que nunca mais as vou abrir.
Na frente da casa eu convido quem queira entrar
nesses corredores onde despeço
o tempo e acomodo os tentáculos do esquecimento.
Em breve, da tua vida restará apenas um diário
deixado sobre a arca de mogno escuro
que num Verão antigo transportaram para o sótão.
Nesse diário vivem rostos, e árvores, e amor,
mas as letras que desenham tais inutilidades
começam a sumir – na sombra do sótão, não existem já.
no teu coração as criaturas do espírito que te levava
pela mão, do caminho da escola à ladeira que circundava
o muro mais longínquo da casa. Louro bravo
dançava com as sombras da figueira carregada
de Setembro – o figo, escrito no papel,
tocava os lábios como um verso doce
que te adormecia à noite. Na coroa aberta
do figo dançavam a língua e as palavras que a cobriam.
Tempo de certeza. O voo misterioso da andorinha
tinha o seu regresso marcado – todos os anos
o ninho estava à espera. O ritmo das estações,
exato e pleno, adormecia-te quando o temor rondava.
E ajudo a morte, ajudo, fecho as janelas de casa
sabendo que nunca mais as vou abrir.
Agora o conjunto de folhas é uma ruína fria na luz apagada da manhã.
5 comentários:
blog semi-morto esse hein até atrai moscas do rio
há no entanto que reconhecer que tem um blogroll de blogues ainda activos coisa rara desde 2012
Esse texto nos faz refletir... obrigado por compartilhar seus pensamentos!
Aluguel de Van RJ
Me senti dentro do texto, parabéns pela belíssima inspiração.
APVS
Todo texto reflete algo que já vivemos ou estamos vivendo.
Buffet de Churrasco RJ
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