28/03/11

Caminhos de floresta

Um escritor de viagens precisa mais do país de onde partiu do que do seu destino. O deslumbre do exterior, do que está fora, é material para juntar e compor o texto da sua própria viagem, um percurso invisível a todos. E no país que fica, estão as referências, as imagens com as quais as novas imagens recolhidas no exterior se vão comparar. O deslumbre é assim um reconhecimento, uma revelação de algo até aí secreto para o viajante. A paisagem é mental, a viagem uma simples ilusão temporal, um delírio. As fotografias a derradeira mentira: nunca estivemos naqueles lugares, não somos os que vivem ali, nas imagens. Mas acreditamos. Não passa disso e já é muito.

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