A sequência, breve,
deixa marca.
Como se uma imagem pudesse sobrepor-se
ao objecto que imita ou a memória do
acontecimento substituísse
a realidade – o atrevimento da filosofia.
Ela passa ao lado
e ele pára imitando o coração.
Mas recomeça, e nesse salto ultrapassa
o limite imposto pelo tempo,
e ninguém nota;
mas não importa.
O lapso entre o espanto
e a obrigação, um momento de espera em que ele
não sabe se vai ou volta, e o sol
dança com a indecisão, e o sol avança;
e passou.
A marca deixada, cicatriz entremeando
tudo e nada, desaparece, não é já
sombra fantasma.
Não se encontrarão no café com o quadro de Lempicka na parede.
Não perceberão um no outro o sentido das coisas quietas;
fins-de-tarde; passeios demorados; acordar todos os dias.
Não entenderão o desconserto do mundo e não saberão que nem o amor
o poderá emendar.
Não vão tarde, nem cedo, existem em dois tempos.
Apenas o cinema
- ou um desatinado poema –
Os pode resgatar.
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