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17/03/12

Ora foda-se

O Filipe Nunes Vicente tem toda a razão. Eu até gosto da poesia do Miguel Martins, mas... "foder é revolução e paz"? "O referencial e o auto-referencial argamassam o texto"? "Verdadeiro ethos escorre liberto"? O que é isto? Isto é crítica que dá mau nome à poesia, à boa ou à má poesia. Os poetas estão-se bem a lixar para o mau nome, mas um crítico não pode escrever para uma entidade qualquer que sim, está mais próxima de "um letrado de Alcabideche" do que... não, não vou falar do cabrão do João Gaspar Simões, há por aí gente a escrever em jornais que ainda faz coisas de jeito... mas isto? "Seguindo por entre fendas que ficaram em aberto"? A sério? "Entre a urgência e o coma"... há mais poesia e inteligência na porra de um combate de boxe do que em mil "interstícios" florescidos no pantanal da crítica de poesia nacional.

21/09/11

O sintoma

É revelador o tempo que David Lodge dispensa ao elogio dos escritores que conseguem criar personagens de carne e osso, mais próximas das pessoas do que a própria realidade nos permite estar. Do romance clássico de Jane Austen ao modernista James Joyce, acabando no pós-modernista Martin Amis, a análise que é feita parte sempre da capacidade que o romancista tem de revelar a consciência, o eu, das personagens. Se a bitola - de resto, toda a crítica anglo-saxónica repousa neste modelo - fosse aplicada aos romances de autores portugueses, viríamos a descobrir que desde o Modernismo - ou ainda antes, desde Eça - não existem verdadeiras personagens, antes tipos ou, na melhor das hipóteses, projecções do eu do autor. Da burguesia de Jorge de Sena às massas proletárias dos neo-realistas, das personagens conceptuais de Carlos de Oliveira aos bonecos do ventríloquo José Saramago, culminando no Lobo Antunes atomizado, que consegue, ao longo de dezenas de livros, inventar (?) personagens que falam e pensam sempre da mesma maneira, são poucos os escritores que escapam. José Cardoso Pires, Agustina, Mário de Carvalho, Mário Cláudio, mais um ou outro esporadicamente. E a nova geração parece ter aprendido as lições erradas - à excepção de Gonçalo M. Tavares. É raro o escritor português que domine o estilo indirecto livre - e é este o sintoma que denuncia a doença. 
Precisamos  de voltar a ler os clássicos, desta vez como deve ser.

12/09/11

A inconsciência e o romance

Calhou ter em mãos o livro de David Lodge, A Consciência e o Romance, quando me deparei com uma frase do escritor israelita Lev Grossman: «Being a novelist demands arrogance […] "To be a good critic, you have to be humble." Não há acasos que possam ser descuidados, mesmo em assuntos tão pouco importantes como a literatura, ou ridiculamente menores, como a crítica literária. Lodge é também um (excelente, embora não tão valorizado como deveria) romancista, mas é sobretudo respeitado pelo seu trabalho académico e crítico. O caso é simples: a arrogância deverá ser uma das qualidades de um bom escritor; a modéstia nunca terá sido boa conselheira. Depreendo que Grossman estará a falar daquela arrogância que obriga o escritor a prosseguir, quando a razão aconselha o contrário. A velha questão: como escrever, o que escrever, depois de tudo que já foi escrito? Imagino que a dúvida terá levado, ao longo do tempo, ao desespero e ao suicídio; ou pior, à desistência. Robert Walser foi dos mais sensatos: internou-se num hospício e inventou uma escrita aparentemente indecifrável (até alguns investigadores com demasiado tempo em mãos a terem decifrado), até à morte - de resto excessivamente romântica para os usos da época; nem a tísica, nem a morte de amor, nem a descoberta de um corpo sobre a neve; tudo tão batido como o ferro às mãos do metalúrgico.
Mas há quem continue a escrever; e publique; e apareça em todo o lado envergando o sobretudo do "autor". Um mercado dentro do capitalismo, vivo e aparentemente de boa saúde. David Lodge acha que foi Charles Dickens o primeiro autor famoso. Não uma celebridade - outros já o tinham sido antes dele. Famoso. Não sei se terá sido Dickens o único autor famoso que tinha, digamos, qualidades inegáveis como escritor. Depois dele, a decadência.
O problema de muitos escritores contemporâneos é que lhes sobra em empáfia o que lhes falta em talento. A arrogância não será uma virtude, mas sim uma necessidade. Para continuar. E falhar. E voltar a tentar.
Quanto à humildade do crítico, a verdade da frase de Grossman é mais um desejo do que a realidade. Como poderá um romancista conter um ego em busca de reconhecimento ao escrever sobre os outros? Os grandes conseguem. Os outros não são críticos. 

Contra Mundum

Se eu quiser procurar boa crítica literária nos jornais portugueses, dificilmente a encontrarei. As excepções a esta regra são submetidas ao espartilho cada vez mais estreito do limite de palavras. A blogosfera - por muito que António Guerreiro não queira - apoderou-se desse espaço deixado vazio pelos media tradicionais. Há alguns blogues que poderia dar como exemplo; todos estão na barra lateral. Desses destaco o Contra Mundum, pela rigorosa reflexão condensada em breves actualizações, ritmo de trabalho em progresso. Obrigatório.

29/07/09

Será humano ou dançarino?

Em todo este miserável caso do crítico censurado em público por uma das suas chefias, o que me deixou verdadeiramente surpreendido - não me surpreenderam os 200 comentários indignados nem a carta da direcção do Belenenses, porque a ignorância exige sempre os seus direitos, neste caso o direito a existir - foi o sub-director que decidiu escrever em editorial contra um dos seus, por uma questão de pormenor, ou pior, de estilo. João Bonifácio é, actualmente, e assumo a subjectividade desta afirmação, o melhor crítico musical (na área do pop-rock) a escrever em jornais nacionais (esquecendo João Lisboa); tem um estilo original, e assume essa originalidade sem preconceitos, e isto por cá é raríssimo (o principal problema) - mas ele lê, e bem, o que os críticos estrangeiros fazem, e decidiu seguir o bom exemplo. Já não é a primeira vez que esta originalidade provoca polémica - da primeira, não passou dos blogues, mas ele lá teve de vir explicar, falar daquele lugar-comum de que escrever sobre música é como dançar sobre a arquitectura. A partir deste ponto de subjectividade absoluta, tudo deveria ser permitido, e não me parece que não vivamos numa sociedade que defenda a liberdade de expressão. Mas Nuno Pacheco, contrariando a ideia que eu tinha dele - como sendo o sub-director mais lúcido do Público - cede à chantagem de um clube de futebol e, vamos lá ver qual é o termo técnico, baixa as calcinhas pedindo perdão ao Belenenses e às centenas (???) de leitores indignados com o bruto do crítico. Um texto crítico, de opinião, que me fez rir logo na abertura, com a aquela referência ao deserto que é o estádio do Restelo - e se querem verdade e dignidade, o estádio do Restelo é mesmo um deserto em dias de bola, uma tristeza de espectáculo que deveria envergonhar os dirigentes do clube - um texto bem escrito que mereceu a censura sem ter sido sequer referido - falta de educação - o nome do crítico em questão - Nuno Pacheco fala apenas de um colega. Como muito bem escreve o Luís Miguel Oliveira, "ofender muçulmanos está bem, ofender o Belenenses é que não?" Palavras para quê, é um artista português.
Sou bem capaz de começar a comprar apenas o I. E isto não é uma ameaça.

24/10/08

To peep

A primeira imagem de Peeping Tom, de Michael Powell, é esta; um olho que nos observa, azul, de mulher, a pele de mulher marcada por sardas - as ruivas, diáfanas, multiplicam-se no filme, confundindo-se e confundindo, um olho que nunca saberemos de quem é. O olho, o buraco, e a lâmina escondida pelo tripé da câmara; o espelho reflectindo o medo da vítima. 
É extraordinário como este filme trouxe a desgraça ao realizador, depois de uma carreira quase gloriosa. Recuperado nos anos 80 por Martin Scorcese, estreou apenas nessa década nos E.U.A. A razão da passagem aos subterrâneos da história do cinema foi, imagine-se, a crítica. Arrasadoras, "inacreditáveis", nas palavras de Scorcese, unânimes, ao que parece, na altura em que estreou em Inglaterra. Na sua autobiografia, Powell cita escrupulosamente os seus detractores e todo o moralismo que eles destilaram na altura: acusado de ser um filme escandaloso, pornográfico, demente, de tudo e mais alguma coisa, terá sido esta uma rara ocasião de testemunhar o delírio total da crítica, incapaz de separar ética e estética, horrorizada com a simpatia que Powell aparenta ter pelo assassino voyeurista interpretado pelo, até aí, anódino actor Karlheinz Böhm (o imperador Francisco José da série de filmes sobre a imperatriz Sissi, com Romy Schneider).
A atitude de Powell, depois de o filme ter sido revalorizado por uma nova geração de realizadores, foi um acto de fria vingança sobre os pobres e esquecidos críticos que arruinaram a sua carreira. Mas a história repete-se; quantos críticos de agora terão noção do real valor das suas palavras? Das suas relativas opiniões?

[Sérgio Lavos]

05/02/08

Escrever torto

Não queria ter publicado neste blogue o texto que Dóris Graça Dias não chegou a ver publicado no Expresso. O tal texto. Aquele texto de opinião sobre o Rio das Flores, que misteriosamente foi recusado pelo director do Expresso himself sob o pretexto de "falta de qualidade". Ora, eu não queria ter publicado porque o texto nem é carne nem é peixe: não elogia nem desfaz a obra. É uma criancice amedrontada que, enquanto estava a ser escrita, já previa a polemicazinha futura. Um texto com medo de si próprio, que nem sequer se atreve a desmontar o romance de Miguel Sousa Tavares como ele merece, que não consegue mostrar o que aquilo verdadeiramente é: literatura de cordel, enfarta-brutos, um desastre ecológico a produzir-se em sucessivas edições em papel.
O respeitinho é muito, eu sei, mas pergunto: por onde andam os críticos com tomates, que não têm medo de pegar num romance popular e avaliá-lo sem usar pinças e luvas esterilizadas, por aquilo que ele é e não aquilo por aquilo que representa? À excepção de um texto do José Mário Silva para a Time Out, nada. Nicles. E ter sido dada alguma atenção ao romance de MST, já não foi pouco. Acabou por ter mais sorte que José Rodrigues dos Santos, por exemplo.
O que é lamentável é eu ter que dar razão à direcção do Expresso, sabendo que, caso a crítica tivesse sido feita com a atenção e competência devida, teria tido o mesmo destino que o texto de opinião inventado por Dóris Graça Dias. Miguel Sousa Tavares, transferido há não muito tempo do Público para o Expresso com um estrondo de estrela de futebol, não teria admitido tal afronta, desse por onde desse. E agora é vê-lo de beicinho estendido, lamentando a inveja dos mesquinhos que se atrevem a não gostar dele.
Será esta a Michiko Katukani que o país merece? Não se arranjará nada melhor?

(Ler, por favor, este texto que diz tudo o que deve ser dito, do Luís Rainha - que saudades eu tinha de o ler - no Cinco Dias)

[Sérgio Lavos]

15/01/08

Ainda a crítica (2)

Declaro que eu deixei de gostar de polémicas. Já escrevi sobre isso, não me vou repetir. Não gosto de polémicas porque é difícil convencer quem já está convencido. A discussão não é o melhor meio para a razão; não quando o interlocutor ou não quer ouvir os argumentos do outro ou quer ouvir o que o outro não disse. Não quero entrar em polémicas, porque qualquer bom argumento tem de ser afirmado de uma forma séria. E eu não sou sério. Tenho tendência para achar sempre o lado lúdico de um argumento furioso. Racionalizo a irracionalidade do oponente. E psicanalizo a resposta. Eu sei, quando me dizem algo, o que está por trás do que dizem. E também posso afirmar que nada do que eu digo é racional - tudo existe em função de variantes nada objectivas - o meu crescimento, a formação da minha personalidade. É que a constituição de um gosto não é um processo inocente. Toda a minha vida passa pelos olhos quando escrevo: prefiro a maneira anglo-saxónica de fazer crítica literária ao priapismo crítico português, todo ele forma, herdeiro bastardo de um barroco nunca ultrapassado. O problema é meu, passei os anos de formação a ler autores ingleses e norte-americanos, a tentar esquecer os francesismos que, durante séculos, se foram incrustando na literatura portuguesa. Os maus francesismos, claro, porque os bons ninguém imita (continuam a preferir os delírios poéticos de uma Duras à nova língua inventada por Céline ou Julien Gracq, mas enfim). Não serve de desculpa a má-formação que me foi dada. Mas explica a elegância de achar que nada pode justificar a insistência num ponto que nunca será de acordo, e que, para cúmulo, se funda num equívoco.
Gosto de ver o José Mário Silva a concordar com um amigo. E gosto de ver que estamos os três de acordo: acho Manuel Gusmão um dos melhores poetas aparecidos na última década, admiro os seus ensaios e leio sempre os seus textos para o Ipsilon. A questão não era essa; era saber até que ponto o grupo a que Francisco Frazão gostaria de pertencer não poderia ser alargado a mais gente. O tom ensaístico que Gusmão exibe nas suas recensões é de uma lucidez impressionante (mas, confesso, pouco cativante em termos de estilo, ao contrário, por exemplo, de Joaquim Manuel Magalhães ou António Guerreiro). Mas importa que o leitor menos exigente perceba o que o crítico quer dizer. Utilizar termos que vêm da teoria literária em textos publicados num jornal não me parece ser a melhor forma de cativar leitores para a leitura de textos muitas vezes menos densos que o texto que deles fala. Eu percebo que Manuel Gusmão escreva assim; é esse o seu treino, é essa a sua formação. Mas será o espaço apertado (cada vez mais) de uma recensão de jornal o local certo para fazer análise literária? Dúvidas, confesso, dúvidas, e Francisco Frazão não as elucida ao comparar Pedro Mexia a Manuel Gusmão. Percebe-se à distância que a formação e a intenção de Pedro Mexia, enquanto crítico literário, é oposta à de Manuel Gusmão. Menos exigente? De modo algum, apenas mais claro, menos interessado em utilizar o jargão académico aprendido nos cursos de literatura.
Mas admito que tudo isto seja subjectivo. Como também sei que nenhum potencial futuro leitor se perde na floresta barroca que enfeita a crítica produzida por Manuel Gusmão. Que interesse poderá ter escrever apenas para o salão de medíocres? Eu respondo: todo, cada um é livre de escrever para quem quiser. Mas, por favor, evitem justificar o elitismo com a ignorância dos que não pertencem ao grupo.

[Sérgio Lavos]

04/01/08

Ainda a crítica

Caro Francisco:

apesar de não parecer - parece, de resto, uma crítica muito séria - penso que João Bonifácio se refere a Manuel Gusmão, neste excerto, em termos, no mínimo, sarcásticos. O ponto dele é simples: se o Manuel Gusmão pode, e é elogiado por isso, também ele pode produzir "uma verborreia inenarrável de referencialidade abusiva exclusivamente centrada em maus poetas e escrita apenas e só para gáudio onanístico de um pequeno salão de medíocres." Ou não? Ou o que Manuel Gusmão escreve é mesmo decisivo para o entendimento e consequente compra do livro recenseado? Lá beleza tem, sem dúvida - e ele, sem ironia, é um grande poeta. Mas adequar-se-à ao meio - um suplemento de jornal - em questão? É que, vamos lá ver, o outro exemplo citado, o Pedro Mexia, é o oposto, em estilo, em influências, do Manuel Gusmão - escreve claro, sem rodriguinhos de subjectividade e sempre a tentar escapar a qualquer referencialidade nebulosa; capaz de, imagine-se, falar da história que um romance conta ou, pior ainda, referir dados biográficos quando fala do autor do livro. Em que pé é que estamos? Poderá um crítico musical escrever como um poeta sem cair no ridículo?

(Não sabia que o "entusiasmo" se pode fingir?)

[Sérgio Lavos]

23/08/06

O crítico responde

Não é todos os dias que um (hipotético) visado por um pequeno texto que, a meu ver, trata do aleatório - as tão discutidas, e discutíveis, estrelas -, deixando o essencial completamente de lado, decide responder directamente à interpelação, explicando-se. Luís Miguel Oliveira, crítico do Público, insurge-se com algo que nem merecia o trabalho do post - o gosto do crítico. Não vale a pena discutir se Os Piratas das Caraíbas é melhor ou pior do que Miami Vice. O crítico, parece-me, tem sempre a seu favor um princípio inabalável: o seu gosto pessoal. Isto é intocável, por duas razões principais: não há pensamento crítico que não se funde neste princípio; e o gosto individual, numa democracia mediática, torna o espaço de opinião plural. Quem procura o gosto do crítico nos jornais sabe que vai encontrar diferentes vozes e diferentes modos de pensar o cinema; há quem goste sobretudo de cinema americano - independente ou o produzido pelos grandes estúdios -, há quem prefira o cinema europeu, há quem seja intransigente na defesa da produção nacional, há quem a despreze, há de tudo para todos os gostos. E quem se dá ao trabalho de ler os críticos sabe disso. Sabemos o que esperar. Há surpresas, claro, de que "Miami Vice" será o exemplo mais recente. Como escrevi numa entrada anterior, a unanimidade da crítica levou-me à sala de cinema para ver um objecto que, à partida, não me interessaria. Não confirmei as expectativas, Michael Mann só sabe fazer filmes de meias-tintas, a meio-caminho entre a obra-prima e o filme de autor falhado. Eu posso dizer isto sem problemas no meu blogue. É uma opinião, é um gosto estético. Mas o crítico, é claro, também pode. Ainda que a crítica se possa confundir com publicidade. A crítica é publicidade, quase sempre. Negativa ou positiva, mas publicidade, porque é produzida para fora, para o Outro, pelo crítico que sabe que o que escreve pode influenciar o êxito da obra criticada. O jogo da crítica é assim mesmo, qualquer objecção que ponha em causa o jogo é conversa de café improfícua. Eis a distinção fundamental entre crítica jornalística e teoria crítica. A complexidade da segunda torna-a ao mesmo tempo absoluta e discutível em termos de fundamentos; a teoria crítica, quando bem feita, rejeita o gosto crítico de primeiro grau e pensa a obra estudada. A crítica jornalística não tem tempo nem espaço para o fazer. O seu principal suporte é o gosto estético imediato, e o seu primeiro fundamento outros objectos artísticos comparáveis. Não precisa da teoria para nada - contudo, esta distingue os bons críticos dos outros. Em conjunto com o próprio texto e o prazer que provoca no leitor, a arte de bem manusear as palavras - com toda a subjectividade que esta ideia pode esconder.

[Sérgio Lavos]