07/01/08

Mais um chupista

Ao jornalista do Público que ontem aqui chegou pesquisando no Technorati sobre Luiz Pacheco: mais coragem. A sério, meia blogosfera produziu o seu elogio fúnebre, com mais ou melhores palavras do que eu, bem podia ter avançado umas páginas mais no trabalho. Tinha alguma vontade de continuar a cavalgar a onda, mas vamos lá ver: já tudo foi dito. E se lhe lessem os livros? Podem responder: practicamente não se encontram. Verdade, verdade, toda a gente gostava de o ver a fazer figuras - vestido de Pai Natal, a exibir um belo manguito para a câmara - mas ninguém justificava a existência do que ele escrevia. Saíram há uns anos dois livros na Oficina do Livro que cairam, em pouco tempo, no esquecimento; a correspondência com António José Forte, idem; alguém ainda encontra, da Quarteto, um livro de que não recordo o nome, e que agora não me apetece pesquisar na Internet, por aí? Não. E está esgotado? Nunca, devem ter vendido uns 500, se tanto. Pensando bem, não precisam de lhe ler os livros. Agora, o dinheiro já não lhe faz falta. O guito para o pão, para matar a fome dos filhos e a sede do fígado, o pilim que cravou a tantos ao longo dos anos. Mas quem ficou a dever-lhe mais? Os senhores professores que agora emitem opiniões sobre a importância da sua obra. Emitem, repetem, o filme foi visto tantas vezes. Ninguém aprecia ser visto em más companhias; um homem não é sua obra - é a sua vida. Repito eu, que não o conhecia, e vamos aguardar o que virá, futuras edições respigando os restos, e nada lhe irá parar ao bolso. É assim a morte. Mais triste do que a vida (e se ela consegue ser triste!)

[Sérgio Lavos]

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