12/06/13

As manhãs

As manhãs,
plúmbeas, opressivas, abissais.
Sair de casa sem saber se regresso,
a caminho de um dia sem final.

Aquelas manhãs, o lento nevoeiro
cobre o espírito, deixa-o perder-se
na floresta onde aguardam as feras
as suas presas, mortais,
o seu modo de emboscar,
implacável, o espírito dominado
pela profundidade animal.

Aquelas manhãs, vozes
calando o rumor do pensamento,
banais, eliminando os restos
de luz, de movimento.

Mas, o céu, e a sua beleza rompendo,
é o pão diário dos olhos,
uma possibilidade de voltar,
o retorno.

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