31/10/11

Ponto de fuga

Uma ideia. A caminho do sul
fomos os dois ter contigo.
Tu não esperavas,
mas por vezes não gosto de falhar
ou admitir que falhando dou sentido ao que faço,
quando o que eu faço, o que todos nós fazemos,
pouco sentido tem.

(Não escrevo qualquer sentido porque parti,
eu com ele, ao teu encontro, e quando te vi senti o
mesmo que ele, cedi a uma divindade de existência duvidosa, amor.)

Uma ideia. Simples. O sul, ponto de fuga
que não entrava nos nossos hábitos,
uma imagem inventada por poetas
ou o longo plano afastado de Minghella naquele
filme que tu juravas nunca vir a amar.

Mas vieste a encontrar o fio que nos unia
na malha tecida de outra história de paixão e
infortúnio.

Ou talvez tenhas cedido;
o jogo de derrotas fáceis
é determinante para compreender
as razões de nos mantermos juntos.

E chegámos, e tu vieste ter connosco, e perdemo-nos.
Depois fomos de carro até ao fim do mundo,
e parámos a tempo. Iremos parar sempre a tempo,
é essa a minha ideia. Eu, tu. Mais
de um mundo esboroado que apenas ele,
com as suas reconhecidas qualidades de engenheiro,
soube reconstruir, apontar o sul.

(Ou o oeste, tanto faz, o oeste por onde um dia havemos de passar).

A minha ideia. E eu sei que entendes.

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